terça-feira, 27 de novembro de 2012

Foi difícil

Esse texto é do blog 'Depois dos quinze', o qual achei muito bonito e me identifiquei em partes.
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Pra esquecer você, tive que ocupar as 24 horas do meu dia. Tive que parar de escutar as bandas que você me apresentou. Tive que passar longe de todos os lugares que você mais gostava. Tive que colocar todos os dias uma máscara de maquiagem, com pó, blush e rímel, junto com um sorriso que você saberia que era falso. Tive que me trancar no banheiro e chorar quietinha, para ninguém descobrir que você ainda me doía. Tive que virar o rosto para não ver você sendo feliz. Tive que frequentar outros lugares, mudar a minha rotina e dar uma balançada na minha vida. Pra esquecer você, olha só, tive que engolir mil vezes o gosto amargo do nosso fim mal acabado.

Não foi rápido. Eu acordava todo dia com uma sensação de um eterno soco no estômago. Abria os olhos e sentia as pálpebras pesadas pelo choro da noite anterior. Corria para o celular só para ver se você não tinha voltado, se não tinha se arrependido, se você ainda me amava. Não amava. E eu achava, a cada manhã, que arrancavam pouquinho a pouquinho um pedaço de mim. Arrancavam sim. Um pedaço doente, maltratado e abandonado que eu havia esquecido por aqui: você.
Enquanto eu te esquecia, devagarinho, sem nem me dar conta que o fazia, eu conheci outras pessoas. Fui a outros lugares. Li outros livros. Comecei a gostar de outros tipos de música. Enquanto eu te esquecia, sem mais me pesar com a obrigação de te esquecer, lavei sim o rosto, levantei e segui minha vida. Deixei que você morresse sem grande alarde, porque todo o alarde possível eu já havia feito no primeiro tiro. Enquanto você sangrava dentro de mim e era recolhido para o necrotério, eu fiz a mesma coisa que você: fui tentar ser feliz.
Esquecer você me doeu.

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